e a outra mão suja desanda no tempo/
borrando paredes e urinando a esmo/
no frio do silêncio ainda mais e mais maldito.
Uma mão suja a outra/
com tinta ou com graxa de sapato ou talvez/
as mãos que desenham o vazio desta hora/
sem piedade alguma, sem cor, sem vida e sem quase nada.
2 Quero comer um pedaço de nada/
mastigando a palavra fruta/
mastigando a palavra pão/
mastigando a palavra tédio.
Quero beber um bocado de nada/
ingerindo o substantivo veneno/
ingerindo o substantivo oceano/
ingerindo o adjetivo depressivo.
Quero comer e beber um pedaço-bocado de nada/
mastigando-ingerindo o que não mais resta do instante/
mastigando-ingerindo o correr da palavra rio/
como estas sombras que se ausentam na noite.
Mas antes de ingerir qlq coisa, lave as mãos!
ResponderExcluirGostei bastante!
Parabéns!
Abraço
Obrigado
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