domingo, 26 de julho de 2009

PHARMÁCIA

I
Não há lenitivo/
quando o verbo é morrer/
conjugado neste agora/
que desconcerta as raízes.

Tome isto/
beba de hora em hora/
o que resta do que não resta/
e repita a operação de tantos em tantos abismos.

II
Remédio para tosse quanto custa um/
não sei pergunte ao outro balconista/
para que ele melhor te indique/
um jeito absurdo de definhar mais rapidamente.

Que tal o tal veneno para rato/
ou talvez algo que destrua de forma eficaz o substantivo,
a palavra GARGANTA;

Que tal isto ou aquilo/
ou senão este efervescente de nada,

Que tal isto
ou aquilo
ou talvez
e talvez
este tédio
esta angústia,
este tédio,

Que tal este tal,

Que tal este nada?

III

assim
engula
mais uma vez
respire
bote para dentro
você vai ver
vai se sentir melhor
certamente
assim espero.

respire
e morra amanhã
pois nós dois sabemos
que a doença gosta de comer pudim
antes de se alastrar definitivamente.

vamos, beba mais um pouco/
engula de uma vez
sinta a presença do fim
circulando em suas veias
levante a cabeça
olhe bem nos meus olhos
veja este sempre como a eternidade/
como se esta fosse para a terra do nunca.

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