segunda-feira, 6 de julho de 2009

POEMAS

1 Estamos sem sorte/
imersos no tempo/
com jeito ou sem jeito/
e com alma de vidro.

É fácil morrer/
e furar o nada/
como quem corre sem motivo/
por aí em por aí.

2 jeito de pouco/
nesta tarde mínima/
como o substantivo café/
entalado na garganta.

basta considerar/
qualquer gosto amargo/
adjetivado e melancólico/
como qualquer fim de noite.


3 esta dor é um vício/
marcado por dentro com ferro quente/
sem pouco e sem nada e vazia como qualquer sopro/
ordinário na sanguinolência que devassa o instante.

esta dor é assim mesmo/
deste jeito em jeito algum/
é fria incorpórea e constante/
como o ônibus de dez em dez minutos.

é uma dor que parece sem si mesma/
despossuída em algum recanto algum/
indefinida em minhas veias suicidas/
que respiram a insanidade dos séculos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário