sábado, 31 de julho de 2010

CONVERSANDO SOBRE SAMBA

  OLÁ AMIGOS,
                    
 1   Estava eu sentado no tal bar, saboreando a tal geladinha, quando um compositor de pagode romântico insistiu em mostrar o seu trabalho.
     Carregava ele um violão e tocou umas quatro músicas que foram ouvidas por mim com sincero interesse.
      O problema começou quando ele pediu minha opinião acerca de sua produção,e,evidentemente, levando-se em consideração o fato de que estou envelhecendo e sem cara para mentir, disse-lhe que simplesmente não havia gostado daquilo.
      O compositor em questão conseguiu controlar sua ira e deixou o bar com cara de paisagem, ou seja, com ar de quem levou uma dura, mas que não perde a pose jamais.

     2  O samba autêntico não merece isso, estas músicas e melodias rasteiras e sem conteúdo.
       Não sei o que se passa na cabeça destas pessoas, mas gostaria de conversar com as mesmas e perguntar se elas acreditam realmente no que fazem.
          Já era hora desta mídia injusta acolher nossos talentos genuínos.....
          Sou obrigado a concordar com os marxistas e com os críticos da chamada indústria cultural acerca de   seus efeitos maléficos na mente dos indivíduos.
         É lamentável que isto aconteça, mas é assim que a coisa anda.
  

DE QUEBRA:

OUÇAM DELCIO CARVALHO, WILSON DAS NEVES, CARTOLA, ZÉ KETI.
      FAZ BEM PRA ALMA.


POEMAS

1 metade de nada é nada
pouco é aqui só o que é/
metade de meu corpo é o que resta/
na noite vazia e qualquer.

      metade de nada é nada/
pouco é aqui quase ninguém/
e se a morte é assim indiferente/
   pouco é aqui o que é.

2 Um homem sem vontade acorda/
 e esfrega os olhos sem destino/
e esfrega as mãos destemperado/
e corta os pulsos sem sentido.

 Um homem insano vomita/
na cara do tempo desfalecido/
e assim a chuva castiga/
   seu corpo vão e inútil.

3
 moro no canto do mundo/
no mundo do canto do canto/
moro no canto das salas/
  na poeira dos móveis e lustres.

moro no canto dos quartos/
nas baratas e roedores e só/
moro no canto do canto do canto
no canto de qualquer beco imundo.

2 comentários:

  1. Levanto todos os dias sem vontade, esfrego as olhos com destino e me arrasto destemperado até meus afazares...

    E, sim, pagode machuca os ouvidos... pelos menos daqueles que possuem boa audição.

    Muito bom tanto texto quanto as poesias!!
    Abraço!

    ResponderExcluir
  2. abraço pra ti também e obrigado pelo comentário

    ResponderExcluir