e as folhas mortas procuram no chão indiferente/
o azul de um céu qualquer proscrito.
Há frio nas ruas e nos becos/
e os roedores hibernam enquanto a hora não passa.
Hoje o advérbio hoje está cansado:
Ninguém é ninguém em ninguém em nada mais.
2 Sem vontade não mais escuto/
as preces dos suicidas e o lamento de qualquer alma aflita.
O tempo sangra em minha alma e nada pode ser feito quanto a isto.
Estou vazio e inerte na palavra precipício:
No desejo insano de cuspir este meu tédio.
3
Sinto com a boca/
quando mordo este nada/
e mastigo o que resta/
desta minha existência inútil.
Durmo em leitos de rio/
secos e mortos de véspera/
e as manhãs me sufocam/
estranguladas pelo sol inclemente.
4
Sem nada no bolso/
sem nada e sem bolso/
procuro nas escuridões/
a seiva que as alimenta.
Sem nada no bolso/
sem nada e sem bolso/
procuro o verbo procurar/
nas sarjetas que ocultam o para sempre.
5 A mãe cospe fogo/
enquanto o pai vomita/
de vez em quando eles vão à praia/
para engolir mais água salgada.
O pai cospe fogo/
enquanto a mãe vomita/
de vez em quando eles vão à praia
para urinar nas ventas de Netuno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário