sábado, 10 de outubro de 2009

1 Sempre que acordo costumo falar com o vento/
costumo falar com a morte que me cumprimenta como se eu não fosse quase nada.

Sinto-me inseto/
literalmente insignificante/
sinto-me ainda menor do que o adjetivo menor/
sinto, em terceira conjugação, que a hora já se faz tarde.

2
Ele caminha desesperado/
e as ruas crescem de tamanho/
e a palavra tamanho/
martela agora sua mente em frangalhos.

Ele quer comer ainda mais/
para abrandar sua angústia em forma de galeto com farofa/
ele e seus dedos gordurosos/
sendo agora dizimados na extensão da palavra frigideira.

3
A cozinha dava para o quintal/
O quintal não gostava de correr riscos/
As crianças brincavam fora de si mesmas/
e as horas passavam sem saber o que faziam.

A casa dava para a igreja/
E a igreja dava para onde tinha que dar/
E era assim que morríamos lentamente/
à procura de palavras vazias.

Um comentário:

  1. Boa tarde João. Estou pensando em publicar um livro. Pesquisando na internet, deparei-me com o site da Editora Baraúna. Vi que você tem uma publicação pela editora.

    Gostaria, por gentileza, de informações a respeito da venda dos livros, quantos exemplares foram vendidos, como foram efetuados os pagamentos etc. Vale a pena?

    Abraços.

    Juliano Rossi
    jrossidasilva@gmail.com

    ResponderExcluir