domingo, 26 de julho de 2009

PHARMÁCIA

I
Não há lenitivo/
quando o verbo é morrer/
conjugado neste agora/
que desconcerta as raízes.

Tome isto/
beba de hora em hora/
o que resta do que não resta/
e repita a operação de tantos em tantos abismos.

II
Remédio para tosse quanto custa um/
não sei pergunte ao outro balconista/
para que ele melhor te indique/
um jeito absurdo de definhar mais rapidamente.

Que tal o tal veneno para rato/
ou talvez algo que destrua de forma eficaz o substantivo,
a palavra GARGANTA;

Que tal isto ou aquilo/
ou senão este efervescente de nada,

Que tal isto
ou aquilo
ou talvez
e talvez
este tédio
esta angústia,
este tédio,

Que tal este tal,

Que tal este nada?

III

assim
engula
mais uma vez
respire
bote para dentro
você vai ver
vai se sentir melhor
certamente
assim espero.

respire
e morra amanhã
pois nós dois sabemos
que a doença gosta de comer pudim
antes de se alastrar definitivamente.

vamos, beba mais um pouco/
engula de uma vez
sinta a presença do fim
circulando em suas veias
levante a cabeça
olhe bem nos meus olhos
veja este sempre como a eternidade/
como se esta fosse para a terra do nunca.

NOSSO SARAU DE SEMPRE - JOÃO AYRES

OLÁ AMIGOS,

Estamos há mais de quatro anos realizando o sarau do Ponto Org.
Todos que já foram lá sabem que não somos egóicos e que todo mundo tem espaço para apresentar e ler o que quiser como quiser.
Tive a honra de conhecer grandes poetas e compositores e fico muito feliz sempre que penso nisso.
É um enorme prazer estar com aquelas pérolas à mesa no primeiro sábado de cada mês.

MANDO AGORA UM FRATERNO ABRAÇO PARA AS SEGUINTES PESSOAS:

NELSON
MARIA HELENA
QUALINO
MÔNICA
TODO PESSOAL DO RECANTO DAS LETRAS
KÁTIA ALVES
FILHA DA KÁTIA ALVES
SILVIO
RENATO ZANATA E BANDA
GILBERTO MAHA
MARTHA JOSÉ
SHEILA REGINA
MAURÍCIO
DELCIO CARVALHO
VICTÓRIA WILSON
ÉRIKA ALVES
CYANA
LÉO FERNANDES
LUCIANA
RAMON
ELAINE GUEDES
MÔNICA II
RENEZITO
SIMONE
PABLO
BILLY DO CAVACO
WELLINGTON
GEORGE
ANDY
CLAUDIO PEGORIM
MARCELO
JOÃO BORGES
MARIA HELENA FERNANDES
AYRES
CRISTINA
ELISA
MERINHA
LEDA
MARIA DO CARMO
JOÃO BAPTISTA AYRES NEVES FILHO
EDUARDO MARMO
JEFERSON
JOÃO DO TANGO
MURIEL MACHADO
SERGINHO
O PESSOAL DO MORRO DO PALÁCIO
JOÃO BAPTISTA AYRES NEVES FILHO
OS POETAS POPULARES
OS CORDELISTAS
O CASAL DE BIÓLOGOS
OS ORGÂNICOS
VÂNIA E SEU IRMÃO

E TANTOS OUTROS QUE SEMPRE APARECEM POR LÁ.

OBRIGADO.

JOÃO AYRES

ENDEREÇO: RUA MINISTRO OCTÁVIO KELLY 231, SANTA ROSA, NITERÓI RJ.
TODO PRIMEIRO SÁBADO DE CADA MÊS.


segunda-feira, 6 de julho de 2009

POEMAS

1 Estamos sem sorte/
imersos no tempo/
com jeito ou sem jeito/
e com alma de vidro.

É fácil morrer/
e furar o nada/
como quem corre sem motivo/
por aí em por aí.

2 jeito de pouco/
nesta tarde mínima/
como o substantivo café/
entalado na garganta.

basta considerar/
qualquer gosto amargo/
adjetivado e melancólico/
como qualquer fim de noite.


3 esta dor é um vício/
marcado por dentro com ferro quente/
sem pouco e sem nada e vazia como qualquer sopro/
ordinário na sanguinolência que devassa o instante.

esta dor é assim mesmo/
deste jeito em jeito algum/
é fria incorpórea e constante/
como o ônibus de dez em dez minutos.

é uma dor que parece sem si mesma/
despossuída em algum recanto algum/
indefinida em minhas veias suicidas/
que respiram a insanidade dos séculos.