Um poema que atravesse paredes
que faça mal a quem quer que seja/
e que cuspa e que vomite/
Em tudo que desejo,
ou que procuro no verbo procurar/
no além da palavra insana e perversa/
filha da noite e do caos/
do vento e da chuva impiedosa
a meio caminho da escuridão.
2 vou matar a galinha do vizinho pelo fato de estar trancafiado em meus pesadelos de sempre/
vou comer o pão que o diabo amassou pelo fato de ser assim um quase nada/
vou beber e beber até nunca mais pelo fato de que desejo inundar o mundo com a minha urina/
e acho que assim poderei escutar o nada que se insinua como o vento e a chuva nesta noite menor.
vou andar e andar até perder as pernas
andar e andar até perder o verbo perder/
andar e andar até perder a preposição até/
e vagar na insanidade de qualquer hora possuída.
3 Assassino o substantivo água/
com uma faca ou punhal imaginário/
pois minha garganta está seca/
e nem mesmo o substantivo copo solicita minha fatídica presença.
Estou areia na imensidão desértica de meu ser:
Em mim nada renasce ou brota/
Em mim tudo morre escurecido.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2015
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário