segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

POEMAS

Um poema que atravesse paredes
que faça mal a quem quer que seja/
e que cuspa e que vomite/

Em tudo que desejo,
ou que procuro no verbo procurar/
no além da palavra insana e perversa/
filha da noite e do caos/
do vento e da chuva impiedosa
a meio caminho da escuridão.


2 vou matar a galinha do vizinho pelo fato de estar trancafiado em meus pesadelos de sempre/
vou comer o pão que o diabo amassou pelo fato de ser assim um quase nada/
vou beber e beber até nunca mais pelo fato de que desejo inundar o mundo com a minha urina/
e acho que assim poderei escutar o nada que se insinua como o vento e a chuva nesta noite menor.

vou andar e andar até perder as pernas
andar e andar até perder o verbo perder/
andar e andar até perder a preposição até/
e vagar na insanidade de qualquer hora possuída.


3 Assassino o substantivo água/
com uma faca ou punhal imaginário/
pois minha garganta está seca/
e nem mesmo o substantivo copo solicita minha fatídica presença.

Estou areia na imensidão desértica de meu ser:
Em mim nada renasce ou brota/
Em mim tudo morre escurecido.

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