1 acordo ao não ser quase nada/
acordo igualmente em pouco ser/
acordo ao abrir e fechar portas/
ou ao rosnar no interior de qualquer alma febril.
acordo ao me tornar fumaça/
acordo ao fechar os olhos para o tempo/
acordo ao me tornar ninguém/
rastejando no frio das sarjetas.
2 Não tenho nome/
minha hora é qualquer uma/
minha camisa rasgada de véspera/
minha alma crivada de balas assassinas.
Não tenho nome/
no pronome indefinido ninguém/
meu rosto deformado no incêndio/
nas chamas que devoram minhas entranhas homicidas.
3 Ninguém em mim escuta o que dizem os outros/
entro e saio e ninguém literalmente me segue/
devo morrer em silêncio nestas ondas que batem sem alarde/
açoitado de quando em vez pelo substantivo lugar.
Ninguém em mim escuta o que dizem os outros/
quando as palavras trepidam e o instante borbulha/
assim quando minha angústia é maior na infinidade da aurora/
deste sol que brilha na escuridão do amanhã.
sábado, 4 de junho de 2011
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