terça-feira, 9 de março de 2010

POEMAS SEM VOLTA

1 Andar no adjetivo podre/
sentar no adjetivo mórbido/
em quem come qualquer fruta envenenada/
ao lado do cadáver assíduo.

Andar como quem anda e morre/
morrer como quem morre ao andar/
infinitivo em ir no sangue que escorre/
andar como quem anda e definha.


2 Uma cara suja/
ou um rosto sujo/
e uma pia imunda/
no final do mundo.

O final do mundo/
e os olhos mortos/
como duas bolas de fogo/
nos testículos de um boi sem pasto.

3 Quem dorme acorda inerte/
sem vida em café frio e amargo/
comprando o pão que fede/
no hálito maldito dos bruxos.

Quem dorme acorda inerte/
entregue ao inferno da angústia/
que roça o peitoril da janela/
gritando como um vento fatídico.