domingo, 24 de outubro de 2010

POEMAS

 1 Da carne e pela carne/
para longe em qualquer um/
retomo a desordem do tempo/
para me perder em abismo.

 Do sangue e pelo sangue/
para extrair a dor de sempre/
é simples morrer à noite/
com um tiro certeiro na alma.


2 Um homem caminha/
no abandono de sua sombra/
e não sabe voar/
e nunca teve garras/
e nunca soube dilacerar o alimento qualquer.

Um homem caminha/
vazio e com a mente embaçada/
e ele tomba como uma árvore/
no asfalto quente e pouco hospitaleiro.

Um homem definha/
lentamente em alguém esteve ali/
nas horas que antecederam o dilúvio/
nas mãos de um Pilatos indiferente.


3 o frio que me devora/
vem do longe que se desconhece/
antes mesmo do mundo quando apenas havia/
o premonitório silêncio dos proscritos.

o frio que me devora/
vem do longe que se desconhece/
antes mesmo do que o tempo mudo/
    que roçava as paredes do caos.