1 COMER faz mal/
beber até cair infinitivo/
melhor sufocar a palavra travesseiro/
ou estrangular este tédio pela manhã.
Morrer talvez seja o caminho/
para o mundo em nunca mais saiu/
Quebrou a perna num acidente de automóvel/
e na verdade nunca soube que andava.
2 Há verbos que dizem/
que o tempo já acabou/
por isso não há registros nem pistas/
Quando a chuva desmembra a quietude.
Há verbos que dizem/
que as maçãs estão podres/
e por isso revidam os golpes/
ao rosnar no ouvido dos suicidas.
3 Não sei o que faço/
quando viro a esquina/
e quando o sinal de trânsito/
jamais sorri para mim.
É fácil cruzar/
a rua do mal/
fumando o substantivo cigarro/
ou roendo o substantivo unha.
Não sei o que faço/
quando viro a esquina/
concreto ou abstrato/
em carro ou angústia.
É fácil manter/
este vômito na garganta/
enquanto a hora borbulha/
ensopada como um defunto.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
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